17 de jul. de 2009

3ª Oficina

Relatório 07 – Oficina 07
TP 04 – Unidades 13 e 14
Data: 26 e 27 de maio de 2009
Formador: Eneci de Aquino Pilar – Sinop/MT


A leitura do mundo precede a leitura
da palavra.
(Paulo Freire)
A relação entre cultura e os usos sociais e funções da escrita do cotidiano foi o tema do nosso terceiro encontro de estudos que aconteceu nos dias 26 e 27 de maio.
Após dar boas-vindas aos professores, li o poema “A namorada”, do poeta Manoel de Barros. Salientei aos presentes que o objetivo dessa leitura era resgatar os valores culturais de nosso estado na pessoa de um dos mais conhecidos poetas, o matogrossense Manoel de Barros.
Na sequência solicitei a cada cursista o relato das experiências em sala e uma avaliação de suas atividades até o momento. Alguns professores já estão apresentando suas pastas, enquanto outros apenas relataram oralmente o que já trabalharam com seus alunos em sala.
A professora Maria Inês Joanucci trouxe farto material trabalhado com seus alunos para socializar com os colegas, sendo um deles o poema “Cidadezinha qualquer”, de Carlos Drummond de Andrade. Ela solicitou aos alunos que pesquisassem sobre Itabira, terra natal do poeta, respondessem questões interpretativas e sugeriu que os alunos reescrevessem o poema. Maria Inês destacou o interesse que a tarefa despertou entre os alunos. Em uma turma de EJA (Educação de Jovens e Adultos) o professor Cardoso se valeu do poema em questão para trabalhar produção de texto e gramática.
Encerramos a socialização do Avançando na prática das unidades dizendo ser imprescindível a organização das atividades para o bom andamento da formação e definimos alguns critérios a fim de regularizar as tarefas atrasadas.
Feito esse encaminhamento passamos a discutir o letramento, tema gerador do TP4. Levei para o encontro textos de autores que abordam o letramento, entre eles Magada Soares, Leda Tfouni e Paulo Freire. Com base no texto de referência da unidade questionamos os cursistas sobre letramento. As opiniões se dividiram e instiguei-os com a fala de Leda Tfouni que defende que o termo “iletrado” bem como “iletramento” é impraticável no que diz respeito a sociedades tecnologizadas. Para ela é inconveniente afirmar que existe “nível zero” de letramento.
Paulo Freire defende a idéia de que a leitura do mundo precede a leitura da palavra. Nas palavras dele o indivíduo não é um depósito vazio e zerado antes da alfabetização. “Ele (o indivíduo) já possui sua peculiar capacidade de leitura dentro do seu contexto social para sobreviver em meio ao grupo em que vive”, destaca.
Fechada a discussão em torno do letramento, iniciamos a terceira parte da oficina trabalhando o poema de Drummond, Cidadezinha qualquer. A tarefa era que os cursistas, em grupo, formulassem perguntas capazes de aguçar a curiosidade dos alunos pelo poema.
As sugestões de planejamentos foram socializadas no grande grupo, possibilitando a troca de experiências para aplicação da atividade inclusive pelos professores que porventura já tivessem trabalhado o poema com seus alunos em sala de aula.

Avançando na prática

Paródia do poema “Cidadezinha qualquer”, trabalhado em sala de aula no Centro Educacional pela professora Maria Inês Joanucci.



Cidadezinha moderna


Casas entre poeira
mulheres entre cartucheiras
casas desconfiar trancar

Um homem vai se apressar
Pra na Internet navegar
Um carro vai quase decolar

Os homens sem tempo... para na vida pensar

Eta vida louca, meu Deus.
Alana Salesse – 8ª B

Compartilhando leituras

A namorada
Manoel de Barros
Havia um muro alto entre nossas casas.
Difícil de mandar recado para ela.
Não havia e-mail.
O pai era uma onça.
A gente amarrava o bilhete numa pedra presa por
um cordão
E pinchava a pedra no quintal da casa dela.
Se a namorada respondesse pela mesma pedra
Era uma glória !
Mas por vezes o bilhete enganchava nos galhos da goiabeira
E então era agonia.
No tempo do onça era assim.
Texto extraído do livro "Tratado geral das grandezas do ínfimo", Editora Record - RJ, 2001, pág. 17.

2ª Oficina

Relatório 06 – Oficina 06
TP 03 – Unidades 11 e 12
Data: 12 e 13 de maio de 2009
Formador: Eneci de Aquino Pilar – Sinop/MT

Iniciei nosso segundo encontro de estudos do TP3, unidades 11 e 12, dando as boas-vindas aos professores cursistas e logo em seguida li o poema “Adolescente”, de autoria do poeta Mario Quintana, retirado do livro Tempo de Poesia. Com essa leitura retomei as unidades anteriormente trabalhadas que abordaram gêneros textuais, frisando que a poesia é um texto literário, pois se caracteriza pela exploração de imagens que as palavras podem criar, sendo este um dos traços mais significativos do gênero poético, uma vez que proporciona prazer aos leitores e ouvintes.
Feitas essas reflexões, incentivei os cursistas a socializarem suas experiências. Este é um momento ímpar, onde cada um sente-se a vontade para descrever sua prática e, em alguns casos, externar suas angústias quando uma atividade não corresponde a suas expectativas. O que se percebe nessas ocasiões é a forma respeitosa com que os professores se tratam, mesmo quando há divergências de opiniões. Isso é bom à medida que proporciona uma troca de experiência positiva.
Alguns professores que não tinham relatado suas experiências das unidades 9 e 10 puderam fazê-lo. A professora Suzana Marques apresentou o trabalho com anúncios da página 65 do TP3. Ela iniciou a atividade explicando o que é um anúncio, para que serve e onde normalmente é veiculado. De posse dessas informações os alunos confeccionaram anúncios de compra, venda, troca etc. Também foi apresentado aos alunos modelos de anúncios literários e solicitado aos mesmos que produzissem anúncios com base nesses modelos.
A professora Alice Deringer socializou a atividade desenvolvida com seus alunos sobre o tema transversal trabalho. As definições para trabalho foram as mais variadas e segundo ela os alunos, quase que na sua totalidade, associaram trabalho a remuneração, ou seja, só é trabalho algo que tem retorno financeiro.
As socializações das experiências referentes às unidades 11 e 12 enfocaram as sequências tipológicas, com ênfase para a descrição e narração. A professora Érica Hoffmann trabalhou com alunos da 5ª série com a descrição tendo como referência o Avançando na prática da página 109.
Em seu relato a professora Alice disse ter se baseado no avançando na prática da página 124 para trabalhar sequências tipológicas. O objetivo era que os alunos distinguissem descrição de narração. Segundo a professora os resultados alcançados superaram suas expectativas, tanto pelo nível do material produzido quanto pelo grau de comprometimento dos alunos.
Prometendo retomar em outra oportunidade o relato dessas experiências dei início à proposta de atividade desta oficina tendo como base o texto “Salário mínimo”, de Jô Soares. Para essa tarefa a turma foi dividida em dois grupos e cada grupo tinha que encontrar argumentos que sugerissem ser o texto um exercício de redação escolar ou não. Na socialização cada grupo defendeu seu ponto de vista, dizendo os motivos que os levaram a essa interpretação.
Um ponto negativo que não poderíamos deixar de destacar tem sido a ausência de alguns professores nos encontros. A principal causa disso, segundo os próprios cursistas, é o fato de que, por vezes, eles precisam entrar em sala para substituir colegas que se afastam das aulas pelos mais diferentes motivos, o que impossibilita a presença na formação. Outros, porém, confessam que ficaram “intimidados” pelo excesso de atividades que precisam cumprir.
Apesar desse revés continuo animado para o próximo encontro que acontecerá nos dias 26 e 27 de maio, quando abordaremos leitura e processos de escrita.

16 de jul. de 2009

Avançando na prática

Anúncios produzidos pelos alunos da professora Suzana Marques, da E.M.E.B. Jardim Paraíso.



T R O C A - S E
A separação dos meus pais
por um futuro ao lado deles.
Maria dos Santos - 7ª C
T R O C A - S E
Uma filha malcriada, desorganizada, mal humorada,
por outra educada, ajeitada, organizada e estudada.
(Mãe desanimada)
Gissele Marcondeli e Jéssica Apª Kmita - 7ª C
PROCURA-SE controle que possa voltar o tempo.
Paga-se bem.
(Pessoa desesperada para reviver bons momentos)
Aline e Doralice – 7ª C
PROCURA-SE
Um sonhador para acabar com os pesadelos
de uma pessoa solitária. Tel.: 9632-09XX
Gabriela – 7ª C

Compartilhando leituras

Adolescente
Mario Quintana
A vida é tão bela que chega a dar medo.

Não o medo que paralisa e gela,
estátua súbita,
mas

esse medo fascinante e fremente de curiosidade
{que faz
o jovem felino seguir para a frente farejando o vento
ao sair, a primeira vez, da gruta.

Medo que ofusca: luz!

Cumplicemente,
as folhas contam-te um segredo
velho como o mundo:

Adolescente, olha! A vida é nova...
A vida é nova e anda nua
− vestida apenas com o teu desejo!

15 de jul. de 2009

Lembranças

Algumas pessoas chegam a afirmar que bairrismo exagerado é contagioso. E elas têm razão, principalmente quando isso diz respeito a um alegretense. Alegrete contagia. Quem está longe não esquece suas raízes e sempre que possível dá uma “fugidinha” para visitar o Baita Chão, berço de pessoas ilustres como Osvaldo Aranha e Mario Quintana, personalidades reconhecidas mundialmente, das quais esse humilde professor tem orgulho de ser CONTERRÂNEO.
Hoje, 13 de julho de 2009, precisamente às 23h08min., recordo meus tempos de adolescência quando era funcionário da Gazeta de Alegrete, o jornal mais antigo do Rio Grande do Sul e se não me falha a memória o 3º mais antigo do Brasil, onde tive a oportunidade de conviver com figuras humanas inesquecíveis. Nesse momento quero destacar, e me perdoem aqueles que porventura eu esquecer de citar, os poetas Helio Ricciard, o Poeta de Aldeia, que por sinal era meu chefe no jornal, Antonio Zacarias Goulart, meu colega do jornal que também tinha afinidade com a poesia, Lacy Osório, Breno Ferreira (fiquei sabendo que morreu de amor, como indigente nas ruas de Porto Alegre), Élvio Vargas e Mario Guintana, que um dia tive a oportunidade de conhecer pessoalmente pelas ruas da cidade e que também escrevia na Gazeta,
Os ponteiros do relógio avançam para fechar mais um dia e essas lembranças me encorajam a deixar registrados os rabiscos de um poema (olha só a pretensão) de uma situação vivida na minha cidade do Alegrete, na fronteira-oeste do Rio Grande do Sul.

Ocaso


Manhã de sol
As folhas caem
O vento, frio

Na calçada larga
Ali na frente à porta dos Correios
Um passarinho passa
Fumaça se eleva

De aspecto frágil
Seu andar é firme
Parece querer desatravancar seu caminho.

Eneci.